domingo, 17 de janeiro de 2016

“CAMINHANDO POR MANAUS” – O CENTRO HISTÓRICO – PARTE V

APRESENTAÇÃO

Este livreto não se propõe a ser um documento de registro histórico, mas sim um instrumento de efetiva utilidade para o turista mais exigente e minucioso, que deseje conhecer Manaus mais intimamente, percorrendo a pé seus becos, ruas e avenidas.  São ao todo cinco roteiros, cuidadosamente elaborados por Thérèse Aubreton - uma francesa residente em Manaus e radicada no Brasil há anos, professora de história e agente de viagens. Seus olhos e caneta captaram e registraram tudo o que aqui pode ser desfrutado. A pesquisadora não se limitou a consultar livros e documentos. Os cinco roteiros a pé foram atentamente feitos e refeitos, tendo sido anotados cada detalhe pitoresco, cada aspecto curioso. Aspectos relevantes da nossa história, arquitetura, hábitos e costumes, regionalismos, etc., foram registrados. A Sra. Aubreton foi até mesmo à França, com o objetivo de estudar, comparar e comprovar semelhanças e dados, fundamentando melhor ainda aquilo que a FUMTUR  lhe havia encomendado. O resultado está aí, para o conforto e melhor aproveitamento da estada de nossos turistas. Esta publicação da Prefeitura de Manaus, através da Fundação Municipal de Turismo - FUMTUR,  pretende ser o início de outros relatos e registros para uso turístico.
Manaus, Agosto, 1996

ROTEIRO 5

A PRAÇA HELIODORO BALBI (PRAÇA DA POLÍCIA)

O lugar já possuiu diversos nomes: Praça 28 de Setembro, Largo do Palacete, Praça da Constituição, Praça Gonçalves Leão, Praça João Pessoa, Largo do Liceu e também Praça Roosevelt, em homenagem ao presidente americano que esteve na Amazônia, em expedição, acompanhado pelo Marechal Rondon.
Na área da praça e arredores, além do quartel da Polícia Militar, existem muitos outros pontos turísticos interessantes, como por exemplo o coreto, esculturas diversas e o colégio D. Pedro II.





O QUARTEL DA POLÍCIA MILITAR (PALACETE PROVINCIAL)

Em 1867, o edifício, ainda em fase de construção, foi comprado do oficial da Guarda Nacional, Capitão Custódio Garcia, pelo Governo do Estado, com o propósito de abrigar várias repartições públicas: A Assembleia Provincial, o Tribunal de Júri, a Câmara Municipal, a Direção das Obras Públicas e a Tesouraria Provincial.
As obras arrastaram-se ao longo de muitos anos, especialmente em decorrência da falta de material de construção e da carência de mão de obra confiável. Em 1868 a obra é paralisada pela falta de cal e em 1870,  quando o prédio estava quase pronto para receber a cobertura, novo atraso acontece em decorrência da falta de pessoal e material.
Em 1872, novamente, as paredes - já erigidas e prontas a receber a cimalha - têm que ser demolidas, vez que se descobre que o prédio não teria estrutura apta a suportar um segundo pavimento.
Em 1874, finalmente, na gestão de Domingos Peixoto, a obra chega ao seu término, para ao longo dos anos abrigar, na realidade, o Liceu, a Tesouraria Provincial, a Biblioteca Pública, a Assembleia Provincial e a Repartição de Obras Públicas.
Em 1880, o prédio era chamado de "Palacete da Assembleia".
Em 1884, são realizadas obras de ampliação e a edificação é acrescida de várias partes.
A construção, que mistura harmoniosamente os estilos colonial e neoclássico, possui dois pavimentos e um porão com aberturas ao nível da praça. O portão central está ladeado por três corpos, separados por uma simples platibanda. As janelas são de arco pleno. No segundo pavimento vê-se uma pequena sacada com balaustrada. Uma cornija encima o conjunto.
Já há muitos anos o prédio abriga o quartel do Comando Geral da Polícia Militar e os Museus Tiradentes e de Numismática.


O MUSEU TIRADENTES

O Museu Tiradentes possui uma bela coleção de objetos militares ligados à história do quartel da Polícia.

O MUSEU DA NUMISMÁTICA

Em 1900, pela raridade e valor de seu acervo, esse museu era considerado o primeiro do Brasil e o terceiro do mundo. As suas primeiras peças foram adquiridas por Bernardo Ramos, o fundador do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas - IGHA.
A coleção foi adquirida pelo Estado, em 1900, e contava na época com aproximadamente 10.000 peças, muitas desaparecidas, sem contar com o acervo em papel moeda que se danificou ao longo dos anos pela umidade e traças.
Apesar de tudo o museu ainda exibe uma coleção de altíssimo nível, invejada por muitas outras entidades do gênero.
A coleção é dividida em vinte e quatro mostruários, que reúnem preciosidades numismáticas de todo o mundo.
Possível admirar-se as primeiras moedas cunhadas no Brasil, pelos holandeses; uma magnífica coleção de antigas moedas gregas e romanas  e, ainda, rara coleção de medalhas com as efígies dos papas.
Há coleções interessantíssimas de moedas com as figuras dos reis da França, moedas de porcelana do Sião (hoje Sri Lankaj, moedas espanholas  com inscrições orientais e os curiosíssimos "zimbos", utilizados como dinheiro em Angola e usados nas operações de troca entre os africanos.
Podem observar-se condecorações valiosas do tempo do Segundo Império e diversas cédulas do primeiro Banco do Brasil, fundado por D. João, em 1808.
No mostruário de moedas inglesas chama especialmente a atenção aquela que é considerada a menor do mundo, tanto em tamanho quanto em espessura, datada do reinado de Victória da Inglaterra.
Museu de Numismática merece a sua visita. É interessante atentar cuidadosamente para cada uma das diversas vitrines, a fim de que possam ser merecidamente observadas as preciosidades ali reunidas. O pessoal da casa é muito gentil e presta informações com a maior cordialidade.






 OS JARDINS DA PRAÇA DA POLÍCIA

Previstos desde 1894, na época da administração de Eduardo Ribeiro, foram somente executados em 1906, por Adolpho Lisboa, junto com as esculturas e o coreto,
Inspirados no paisagismo europeu, apresentam  pequenos lagos arfificiais, com pontes em alvenaria imitando madeira e majestosas árvores seculares, inclusive seringueiras (Hévea brasiliensis), de onde se extrai o látex e que fizeram a fortuna da cidade na época da borracha.



O CORETO

Alia elementos de decoração variados, nos estilos "artnoveau" e "art-decó".
Repousa em base de alvenaria, com formato octogonal e ostenta oito finas colunas, que sustentam o teto, Nas fustes das colunas observam-se jardineiras, encimadas por medalhões com desenhos de folhagens e uma lira. Quatro das colunas também funcionam como calhas, com ornamentos em formato de cabeça de hidra terminando em folhas de acanto.
A decoração dos parapeitos de ferro, ainda original, mistura variados elementos decorativos, tais como folhagens, cabeças de dragão, diversos desenhos simétricos e a curiosa cabeça de um demônio.
O telhado, arredondado, inspirado nos pagodes chineses, tem revestimento em formato de escamas e sustenta bem no centro um pequeno zimbório octogonal, acima de finas colunas.
Na beira do teto nota-se uma frisa de ferro que encerra plaquetas em vidro colorido. Acima, vê-se uma cornija com decoração de palometas e rostos humanos.
Dentro do coreto observam-se luminárias no formato de globo, algumas descendo do teto e outras saindo das colunas.
Embora sobrecarregado de detalhes, o conjunto é muitíssimo interessante.
Ao que parece trata-se de obra concebida pelos ateliês MacFarlane, de Glasgow, que forneceram a Manaus várias outras peças na mesma época.




AS ESCULTURAS

Foram encomendadas da França pelo Superintendente Adolpho Lìsboa, quando de visìta que realìzou a Parìs.
As esculturas faziam parte de um jardim à francesa, obra do urbanista parisiense Leon Paulard.
Na frente do quartel existem duas interessantíssimas peças, representando militares franceses do século XlX - do lado direito um soldado do Exército Regular e do lado esquerdo um zuavo da Força Colonial Argelina (Colônia da França, até 1962). Aproximando-se, percebem-se detalhes muito curiosos dos uniformes; o soldado, provavelmente da Infantaria, tem às costas um cobertor, piquetes para a montagem da barraca de campanha, cartucheira, cantil e baioneta; o zuavo ostenta a medalha da Legião de Honra (Légion d'Honneur), a maior comenda francesa.
De costas para o quartel comece, pela esquerda, uma volta pela praça para a observação de várias obras muito interessantes. Observe com atenção ...
·Cão e Javali em Luta - belo trabalho em bronze retratando a luta de um javali com um cão. Percebe-se a dor do javali ante a fúria de seu atacante. A obra é do francês Ch. Perron.
· Diana Caçadora - a Deusa da Caça e da Lua, facilmente identificável pela corça e flechas carregadas às costas. Na base da escultura observa-se a marca da fundição - "VAL D'OSNE, 68 Bd Voltaire, Paris".
·Mercúrio (o Hermes dos gregos) - mensageiro dos deuses, divindade romana protetora dos viajantes, comércio e ladrões; identificável pela presença de asas no chapéu e nos pés - a escultura não mostra seu outro símbolo identificativo - o caduceu. A estátua equilibra-se sobre uma cabeça, que sopra o vento para facilitar seu deslocamento. Foi também fabricada  no ateliê VAL d'OSNE, em Paris, França.
· Uma Ninfa - aparece segurando um ramo de flores na mão esquerda. Do alto do pedestal cobre a nudez com os próprios cabelos. A peça também foi concebida do ateliê VAL d'OSNE, em Paris, França.
Além dessas esculturas observa-se também um pequeno chafariz bem no meio de um dos pequenos lagos que adornam a praça e , ainda, trabalhos mais modernos como:
· Cabeça de José Maria Ferreira de Castro - autor do magnífico livro "A SELVA", obra prima onde se encontram as mais belas descrições de nossa selva.
· Busto de D. Pedro I - inaugurado em 1972, durante a comemoração do sesquicentenário da Independência do Brasil. Está localizado próximo à Rua Sete de Setembro O CORETO EM FORMA DE TEMPLO
No canto da praça vê-se, ainda, um pequeno coreto, com formato de templo, com cinco colunas em gesso (imitando ferro), teto arredondado e cornija decorada com motivos pintados.
Da praça pode-se admirar o magnífico prédio do Colégio Estadual Pedro II.
Atravesse a Av. Sete de Setembro.


O COLEGIO ESTADUAL D,PEDRO II

O Liceu verdadeiramente já existia desde 1869, instalado porém nas dependências do antigo Seminário São José, na Rua Emílio Moreira.
O prédio atual, localizado na antiga Rua Municipal, hoje Av. Sete de Setembro, foi construído entre os anos 1881 e 1886 e batizado como Gymnásio Amazonense, nos moldes do Colégio Pedro II, do Rio de Janeiro/RJ.
O edifício é feito de tijolos e pedra, com fachada em pedra de cantaria, quatro belas colunas e uma imponente escadaria central. Nota-se a existência de um vasto porão. Bem no meio da fachada observam-se as armas do Império (com a coroa) e na cornija a presença de quatro símbolos: a pena e o pergaminho, um livro aberto, um globo e uma coruja (o símbolo da sabedoria, na Antiguidade),
Mais abaixo notam-se duas placas: em uma lê-se "Lei Provincial n° 506, de 04 de Novembro de 1880" (que regulamentou a construção do prédio) e na outra "Começado a 25 de Março de 1881 ".



Importante notar a beleza da grade em ferro forjado, com vasos, que circunda toda a estrutura.
Na época de sua inauguração vários museus e bibliotecas juntaram-se no mesmo prédio.
Em 1905, o colégio foi palco de uma rebelião deflagrada por alunos insatisfeitos com o ensino, que - pela violência resultou em quebra generalizada e quase um ano de paralisação das atividades. Novas manifestações acontecem, em 1930, quando o país inteiro enfrentava uma fase de agitação.
Volte à praça e atravesse a passarela que cruza a movimentada Av. Getúlio Vargas.
Ao pé da passarela vê-se a escultura da cabeça de Bento Bruno de Menezes (1913/1963), poeta, romancista e folclorista.


Da passarela pode-se desfrutar, à esquerda, de uma belíssima vista do Colégio Estadual Pedro II e, ainda, à direita, do antigo prédio do desaparecido Cinema Polytheama (n° 1199 da Av. Sete de Setembro), hoje um grupo de lojas, onde vê-se magnífico frontão adornado por uma ingênua reprodução de duas sereias de longos cabelos negros segurando enorme lira.
Continue a caminhada pela Av. Sete de Setembro, passando em frente às casas de n°s 1194 e 1202, interessantes edificações datadas de 1908.
Cruze a Av. Joaquim Nabuco e caminhe cerca de cinquenta metros, até o n° 1385, à esquerda, onde localiza-se a Fundação Joaquim Nabuco, que é um instituto de estudos que abriga o Museu do Homem do Norte.






O MUSEU DO HOMEM DO NORTE

Inaugurado em 1985, o museu objetiva proporcionar a quem o visita uma compreensão mais ampla e viva do complexo cultural da região norte, através de seus artefatos, dentro de uma concepção moderna e dinâmica.
Os objetos apresentados expressam, como símbolos, o modo de vida típico da população amazônica, não somente do índio, mas também do próprio caboclo.
Através de reconstituição o museu mostra:
· as práticas cotidianas de sobrevivência. · a medicina
· o trabalho (pesca,  caça, borracha, etc.).
· a alimentação (farinha de mandioca, o tacacá, etc.). · os mitos
· a religiosidade · as moradias
O museu possui uma bela coleção etnográfica (Noel Nutels), mostrando também o cotidiano dos índios da região. Saia do museu e, na mesma direção, caminhe sempre em frente.
A ponte, logo adiante, tem interessante parapeito com lampadários e de lá se descortina uma vista muito curiosa do Igarapé de Manaus, com suas casas tipo palafita, fazendo contraste com a moderníssima torre de telecomunicações vista ao longe.
À direita, logo depois da ponte, vê-se um interessante conjunto de casas, localizadas nos n°s 1456, 1462, 1468 e 1472.
Mais ao longe chega-se ao Palácio Rio Negro.



PALÁCIO RIO NEGRO

Na época da borracha esse casarão era a residência particular do empresário alemão Waldemar Scholtz. A construção data do final do século XIX e teria sido projetada pelo engenheiro Henri J. Moers.
Em estilo eclético, a fachada (originalmente pintada de cinza) tem dois pavimentos e é dividida em três corpos.
Ao meio observa-se uma escada monumental com duas entradas e, ainda, um pórtico com quatro colunas em estilo dórico.
Chama a atenção a presença de duas belíssimas esculturas que, pelo que dizem, teriam sido subtraídas do acervo do Teatro Amazonas.
No jardim vê-se interessante escultura de uma donzela despida.
A porfa de entrada é de arco pleno e, acima, brilha a estrela republicana.
Nos corpos laterais veem-se janelas de púlpito de arco pleno, com balaustradas.



Nota-se que cada andar tem sua decoração própria:
· no térreo: reforço com cunhais em forma de pilastras dóricas;
· no primeiro andar: bossagem interrompida; · no segundo andar,~ bossagem contínua.
Um terraço une os três corpos no segundo pavimento.
A mistura de estilos que se observa, tipo "castelo de contos de fadas", era muito identificativa dos chamados "novos ricos" da época da borracha, que ostentavam riqueza por meio da excentricidade de suas propriedades.
Dentro do prédio notam-se os soalhos fabricados em acapú e pau-amarelo, a presença de móveis e objetos vindos do Oriente e a existência de frisos e lustres no estilo "art-noveau".
Uma imponente escada de madeira leva até o andar de cima, onde originalmente cada quarto era pintado de uma cor diferente, com decoração em azulejos e ladrilhos. Uma estrutura em ferro fundido forma uma belíssima sacada que se eleva sobre um jardim, com vista do "igarapé" vizinho.


O prédio foi adquirido pelo Estado, em 1918, durante o governo de Pedro D'Alcântara Bacellar, com o objetivo de sediar o Poder Executivo. Em 1945, na gestão do governador Álvaro Maia, é acrescentada uma nova ala, à direita, e provavelmente a torre ao lado esquerdo, o que - de certa forma - prejudicou a harmonia do conjunto.
Durante muitos anos o palacete abrigou a sede do Governo do Estado.
Muitas reformas foram realizadas, que descaracterizaram o prédio.
Em 1995, o Poder Executivo deixou o prédio, que passou a abrigar exposições de arfe.
Ao lado do palácio está localizada a Vila Ninita, onde funciona a EMPRESA AMAZONENSE DE TURISMO - EMAMTUR, que é o órgão oficial de turismo do Governo do Estado.
Ao deixar o palácio caminhe pela Av. Sete de Setembro até a segunda ponte, idêntica àquela vista anteriormente, situada sobre o "Igarapé do Bittencourt".
Caso não esteja muito cansado entre na Rua Jonathas Pedrosa, que é uma pacata rua residencial, bem dentro dos típicos moldes manauaras.

WALDEMAR SHOTZ

São poucas as informações disponíveis acerca desse rico comerciante alemão, antes de sua vinda para Manaus,  exceto que teria imigrado atraído pelas riquezas da
região. Em 1903 possuía armazém e escritório, localizados na rua dos Remédios, destinados à compra , beneficiamento e exportação da borracha.
Homem culto e enérgico, exerceu o cargo de Cônsul da Áustria, fez parte da Diretoria da Associação Comercial do Amazonas e muito ativo junto à comunidade alemã, ajudou a fundar o "Clube Alemão".
Em 1911, atingido pela crise da borracha, é forçado a hipotecar o casarão para o Coronel Luis da Silva Gomes, seringalista do Rio Purus.
Com a interrupção das linhas marítimo-fluviais entre Hamburgo e Manaus, devido a guerra, ele é obrigado a alugar e logo depois  a vender o palacete.
Em 1918, cheio de saudades, Waldemar Shotz retorna à Alemanha para não mais voltar.
Continuando na Sete de Setembro vê-se uma bela casa no n° 1801 , datada do início do século, onde funciona uma igreja protestante.
No n° 1867 observa-se uma casa em ruínas, que ainda revela nítidos vestígios de seu esplendor da época da borracha. Do outro lado da rua situa-se um belo prédio antigo, que sofreu restauração e exibe-se em sua beleza original.
Mais à frente, na esquina das ruas Sete de Setembro e Visconde de Porto Alegre, ergue-se um curioso conjunto de casas, com suas fachadas no típico estilo holandês.
Atravesse a rua Visconde de Porto Alegre, passando em frente à Escola Técnica Federal do Amazonas, e dobre à esquerda na Rua Duque de Caxias.
Logo após a Igreja de Santa Terezinha localiza-se o Museu do índio.



O MUSEU DO ÍNDIO

O Museu do Índio foi fundado em 1952, por iniciativa da religiosa salesiana Madre Madalena Mazzone, com o objetivo de proporcionar informações sobre a cultura dos povos indígenas do alto Rio Negro e do Rio Amazonas, onde se localizam centros missionários salesianos. Em 1962, o museu adquiriu prédio próprio.
Compõe-se de seis salas de exposição permanente:
· Sala 01 - Organização Social e Adornos. · Sala 02 - Cerâmica.
· Sala 03 - Trançados, caça e pesca. · Sala 04 - Usos e Costumes.
· Sala 05 - Crença e Religiosidade. · Sala 06 - Aculturação.
O museu também possui uma sortida loja de souvenirs.
Ao sair do Museu volte até a Av. Sete de Setembro e vire à esquerda.
Bem à frente vê-se o prédio da penitenciária.


A PENITÊNCIÁRIA DE MANAUS

O prédio, em estilo medieval, com aspecto de fortaleza maciça, foi inaugurado em 19 de Março de 1907, na época da borracha.
·           projeto foi elaborado e realizado pelos arquitetos ROSSI & IRMÃOS, com o auxílio dos Sr. Emygdio José Ló Ferreira       e do Dr. Estellita Jorge, que era o Diretor-Geral das obras.
·           O governador na época, Dr. Antonio Constantino Nery (1904/1906), aprova o empreendimento. A fachada tem revestimento de bossagem e possui dois pavimentos.
Vê-se, no térreo, um portão de arco pleno, ladeado por óculos.
Observa-se, no primeiro andar, uma janela de arco pleno encimada por um óculo.
Completando o conjunto sobressaem cinco pequenas torres, que dominam o prédio e seu frontão com decoração de ameias, reforçando mais ainda os traços de fortaleza medieval.
Logo após a cadeia, ainda na Av. Sete de Setembro, chega-se à Ponte Benjamim Constant.



A PONTE BENJAMIM CONSTANT

A ponte Benjamim Constant, que se eleva sobre o Igarapé da Cachoeirinha, foi construída, em ferro, durante a administração do governador Eduardo Ribeiro e inaugurada em 1895.
Passou por reformas e restaurações nos anos de 1969 e 1987.
Tem o aspecto de ponte suspensa, mas encontra-se efetivamente sustentada por gigantescos pilares.
É interessante caminhar sobre a ponte para observar o panorama lá embaixo, repleto de "palafitas" e serrarias.



É o fim de nosso roteiro.



           Obra digitalizada eletronicamente, sem ilustrações. As fotografias, não faz parte do texto original. O que é bastante visível e o estado de abandono e esquecimento do centro histórico de Manaus nesses últimos dez anos - "CAMINHANDO POR MANAUS"  foi escrito em agosto de 1996. A restauração do Mercadão e agora, da Avenida Eduardo Ribeiro. ainda está longe, do estrago que o tempo, a ganância e o esquecimento, fez com o centro histórico da cidade.

“CAMINHANDO POR MANAUS” – O CENTRO HISTÓRICO – PARTE IV


APRESENTAÇÃO

Este livreto não se propõe a ser um documento de registro histórico, mas sim um instrumento de efetiva utilidade para o turista mais exigente e minucioso, que deseje conhecer Manaus mais intimamente, percorrendo a pé seus becos, ruas e avenidas.  São ao todo cinco roteiros, cuidadosamente elaborados por Thérèse Aubreton - uma francesa residente em Manaus e radicada no Brasil há anos, professora de história e agente de viagens. Seus olhos e caneta captaram e registraram tudo o que aqui pode ser desfrutado. A pesquisadora não se limitou a consultar livros e documentos. Os cinco roteiros a pé foram atentamente feitos e refeitos, tendo sido anotados cada detalhe pitoresco, cada aspecto curioso. Aspectos relevantes da nossa história, arquitetura, hábitos e costumes, regionalismos, etc., foram registrados. A Sra. Aubreton foi até mesmo à França, com o objetivo de estudar, comparar e comprovar semelhanças e dados, fundamentando melhor ainda aquilo que a FUMTUR  lhe havia encomendado. O resultado está aí, para o conforto e melhor aproveitamento da estada de nossos turistas. Esta publicação da Prefeitura de Manaus, através da Fundação Municipal de Turismo - FUMTUR,  pretende ser o início de outros relatos e registros para uso turístico.
Manaus, Agosto, 1996

ROTEIRO 4

Nossa caminhada começa na Rua dos Barés, bem em frente ao portão principal do Mercado Municipal, Os Barés, que emprestaram seu nome à rua, eram índios que habitavam  a região do Rio Negro e que desapareceram após a invasão
dos portugueses.



O MERCADO MUNICIPAL "ADOLPHO LISBOA"

O Mercado Municipal é um dos lugares mais animados de Manaus, especialmente pela parte da manhã. Em 1855, no mesmo local, já existia uma feira chamada de " Ribeira dos Comestíveis". A edificação do corpo central do mercado foi iniciada em 1 883 pela firma BAKUS & BRISBIN, sediada em Belém, Pará. Trata-se do segundo
mercado com esse tipo de edificação a ser montado no Brasil. A parte mais antiga está indicada na planta como "pavilhão central".
Naquela época o mercado consistia de um simples pavilhão de 45 m, de comprimento por 42 m. de largura. Era um tipo de armazém, aberto nas laterais, que contava com duas salas principais e 20 "boxes" separados por grades, com balcões de madeira coberta de mármore.
Em 1897, o superintendente municipal Adolpho Lisboa fez um relatório sobre o mercado, em que reportava às lamentáveis condições em que se encontrava, tanto no aspecto arquitetônico, quanto na questão da higiene.


Iniciaram-se obras de melhoramento e passados alguns anos foram edificados os dois pavilhões de ferro que ladeiam o armazém central,com base em alvenaria,
suportados por colunas importadas da Escócia e frontões curvos ornamentados com vidro colorido, no estilo do "Les Halles", de Paris. Essas edificações datam do início do século (uma foto de 1899 mostra que naquela época ainda não existiam) e abrigaram desde o seu início o comércio de peixes à esquerda e o de carnes à direita.
A fachada do prédio, datada de 1906, como atesta o medalhão existente no rendilhado de ferro acima do portão principal, originalmente pintada em cores diversas, é obra de Filintho Santoro, que realizou vários outros trabalhos na Cidade. Considerando tratar-se de um mercado o conjunto é bastante trabalhado. O estilo da construção é eclético. No primeiro pavimento sobressai-se um grande portão central, ladeado por janelas de vergas retas coroadas por frontões triangulares. No segundo, veem-se dois pares de janelas geminadas, que lembram a idade média. Dois prédios laterais, em estilo idêntico,  simetricamente dispostos, prolongam a fachada, que se impõe pelo seu tamanho.
O Mercado Municipal, a exemplo de tantos outros empreendimentos da época da borracha, foi administrado durante muitos anos pela firma inglesa " THE MANAOS MARKETS AND SLAUGHTERHOUSE LIMITED",
Em 1924, com o término do contrato de arrendamento, o Governador Ribeiro Júnior incorpora o complexo ao patrimônio do município.
Antes de penetrar no interior do mercado percorra de um lado ao outro a fachada principal e observe atentamente os dois pavilhões de ferro.




 O PAVILHÃO CENTRAL

Logo à entrada observe o teto e sua original abóbada de berço, isto é, semicircular, interrompida ao meio com o escudo de Manaus.
Dentro do pavilhão veem-se as colunas, importadas de Liverpool, na Inglaterra, e fabricadas pela firma FRANCIS MORTON, a mesma que elaborou as colunas de ferro que existem no coreto da Praça Dom Pedro II, próxima à Prefeitura.
Acima do portão observa-se uma tribuna com arcos plenos, Trata-se de um acontecimento arquitetônico inesperado para um mercado.
Neste pavilhão encontram-se os compartimentos de estivas e artesanato, que são de construção mais recente. Nos "boxes" de estivas concentram-se os produtos de base consumidos pelos amazonenses - vários tipos de farinha de mandioca, feijões, carne seca, grãos diversos,  etc..
Nos setores de artesanato vê-se um pouco de tudo, desde os objetos de uso da população local (cuias, remos, peneiras, paneiros, chapéus de palha, etc.), até os souvenirs tão procurados pelos turistas e visitantes em geral (colares indígenas, objetos diversos em madeira e cerâmica, camisetas, etc.). Existem algumas peças de origem indígena. Muitas, todavia, não passam de imitação, portanto, observe antes de adquiri-las.
Em todas as direções, no pavilhão e suas laterais, veem-se também os vendedores de frutas, legumes e verduras. Dependendo da época do ano é possível encontrar-se no local  frutas regionais deliciosas como o cupuaçu, a graviola, o jambo (originário da Ásia), o jenipapo (também usado pelos índios para pintarem os corpos na cor preta), o tucumã, a pupunha e inumeráveis outras, especialmente provenientes de palmeiras.
Ao fundo um lugar merece atenção muito particular - é o local onde são comercializadas as plantas medicinais da Amazônia.  Sob a forma de óleo, ou casca de madeira, ou folhas desidratadas, ou raízes e sementes, elas são bastante procuradas pelos manauaras e cada vez mais pela farmacopeia nacional e internacional.
Nessa parte do mercado chamam a atenção os enormes recipientes contendo um sumo de cor amarela e de cheiro também inusitado. Trata-se do  famoso "tucupi", extraído da raiz da mandioca, muito utilizado pela cozinha regional no cozimento de peixes e na preparação de molho de pimenta forte. O " tucupi " é normalmente vendido acondicionado em garrafas de todos os tamanhos. Oriundo de Belém, Pará, faz também parte da gastronomia amazonense o famoso "pato no tucupi".
Saia do pavilhão central e entre nos pavilhões laterais, fabricados em ferro. Trata-se de obra da firma escocesa WALTER  MAC FARLANE, de Glasgow. Essa firma produzia e exportava artefatos diversos e até edifícios inteiros elaborados em ferro. Para tanto possuía um catálogo com modelos de prédios em estilos variados (o "Illustrated Catalogue of MacFarlane Castings"). Assim, os clientes podiam comprar à distância e receber as peças pré-fabricadas nos ateliês da Escócia. Para a época uma maneira bem moderna de trabalhar...



 O PAVILHÃO DE PEIXES

Aqui encontram-se os principais tipos de pescado da região;
_· O Tucunaré, facilmente reconhecível graças a um desenho em forma de olho localizado na altura do rabo, O caldo do peixe (chamado caldeirada) é simplesmente delicioso.
_· O Tambaqui, enorme peixe, com os dentes parecidos com os de carneiro, que se alimenta basicamente de frutas. Excelente em grelhados.
_· O Pirarucu, peixe gigante de escamas, com carne semelhante a do bacalhau, consumido fresco ou salgado. Preparado das mais diversas maneiras. Suas resistentes escamas servem como lixa de unhas,
_· O Jaraqui, peixe popular de rabo listrado. Diz-se, popularmente, que o forasteiro que comer sua carne não conseguirá separar-se de Manaus.
_· A Matrinxã, a Pescada, a Sardinha, o Pacu, e tantos outros.



 O PAVILHÃO DE CARNES

É uma cópia arquitetônica do Pavilhão de Peixes. O cheiro exalado é forte. Visite-o, caso deseje.
Saia, agora, pela parte de trás do mercado, e observe os três edifícios de ferro, num estilo semelhante aos pavilhões anteriormente vistos. O prédio central, que hoje abriga lanchonetes e restaurantes populares, era no início do século o "Pavilhão das Tartarugas". Datado de 1909, é fechado com chapas de ferro e venezianas fabricadas em ferro e vidro. A cobertura é feita com chapas metálicas onduladas formando um pequeno frontão nas entradas. Essas partes possuem elementos decorativos em ferro fundido e vidro colorido. Acima do teto notam-se lambrequins metálicos.
De cada lado veem-se dois pequenos edifícios de forma octogonal, que serviam no início do século de posto de fiscalização dos produtos que chegavam ao mercado vindos do interior do estado. Em suas bases existem decorações em arabescos, muito parecidas com aquelas dos catálogos da firma MacFarlane, de Glasgow, que provavelmente foram encomendadas da Escócia.
Destaque-se a presença de dois lampadários antigos que ladeiam os pavilhões.
Os desenhos do edifício à esquerda estão bastante desgastados pelo tempo. Os do prédio à direita, todavia, ainda mostram a delicadeza do traçado. No teto, que tem cobertura em formato de escamas, existem artefatos de metal com desenhos simétricos e uma coroa.
Antes de sair do mercado observe cuidadosamente a fachada localizada de frente para o rio Negro,  construída em estilo gótico e identificada por várias placas metálicas que indicam sua origem - "Mercado Público - 1882 - Na Administração do Exmo. Sr. Dr. Alarico Jozé Furtado".
É interessante essa mistura do estilo medieval com o modernismo da arquitetura de metal.
As duas partes salientes de cada lado da fachada servem de banheiro público.
Terminada a visita à área do mercado atravesse a rua e caminhe em direção ao Rio Negro. Lá do calçadão abrange-se uma vista privilegiada: à frente os barcos pesqueiros e o Porto de Manaus logo à direita. Há alguns anos as águas do rio Negro chegavam a tocar os paredões do mercado. Com a urbanização da área o rio agora situa-se alguns metros à frente, Durante os meses de enchente, no entanto, pode-se ainda ver os pescadores vendendo seus produtos diretamente à população. Caminhe uns trezentos metros beirando o rio, até ultrapassar a grande feira que foi construída bem ao lado do Mercado Municipal, para atender às necessidades de uma população de um milhão e meio de habitantes. Toda essa área, de urbanização recente, faz parte do programa "MANAUS MODERNA", que vem sendo desenvolvido pelos Governos Estadual e Municipal,
À esquerda, mais distante, do outro lado do "igarapé" , vê-se o Bairro de Educandos.
Ao chegar próximo ao novo mercado, mais ou menos na altura do " Portão F", atravesse a rua em direção à chamada "feira da banana", que oferece os mais variados tipos de bananas, desde as pequenas do tipo " baié" até as enormes " pacovão", que - cozidas - são muito apreciadas pelo manauara,
Suba a Rua Pedro Botelho, Existe uma belíssima casa na esquina com a Rua Miranda Leão.
Atravesse a Rua dos Andradas e, logo após o Hotel Dona Joana, atente para um espetacular conjunto de três casas, no mesmo estilo arquitetônico, datadas de 1905 e pintadas singularmente em cores variadas. A construção do meio foi curiosamente pintada metade de rosa e branco e metade de amarelo e verde, Até mesmo a estátua do anjinho, na parte superior do prédio, acima do medalhão com a data de 1905, foi pintada metade de uma e metade de outra cor.
Caminhe até o fim da rua e dobre à direita, na Rua Quintino Bocaiúva e, logo após o posto de gasolina, prossiga até a Rua Izabel. À direita, existe uma belíssima casa, hoje abandonada. Logo à frente vê-se a Ponte de Educandos, de onde se pode desfrutar de maravilhoso panorama, que engloba o "igarapé" e as casas tipo "palafitas" do Bairro de Educandos, os barcos regionais e o Centro de Artes Chaminé.
Volte até a Rua Izabel e agora caminhe cerca de cem metros até o Centro de Artes Chaminé.





 O CENTRO DE ARTES CHAMINÉ

O prédio, construído em 1910, na fase áurea da borracha, destinava-se a ser a estação de tratamento dos esgotos da cidade e fazia parte do patrimônio da firma inglesa " MANAOS IMPROVEMENTS LTD. COMPANY", concessionária dos serviços de água e saneamento, que se tornou mais tarde responsável por uma das mais dramáticas páginas da história de Manaus.
Em 1913, forçada a pagar preços exorbitantes pelo fornecimento de água e saneamento, a população manauara recusou-se a quitar as contas apresentadas pelos ingleses da Manaos Improvements.
Os fornecedores, sentindo-se prejudicados, imediatamente reagiram ordenando o corte de água de todos que se encontravam em débito.
A partir desse momento deflagra-se toda uma onda de violência, que se agrava quando a população nega-se a permitir o ingresso dos empregados da Manaos Improvements em seus lares, para os procedimentos de corte.
Diante da resistência a empresa exige providências às autoridades constituídas e o governador Jonathas Pedrosa ordena a intervenção de tropas militares.
Mas os militares, que também eram vítimas da mesma situação, vez que também pagavam taxas absurdas pelos serviços de água e esgoto, recusam-se a cumprir as ordens, gerando a rebelião.
O quartel militar (bela construção ainda hoje existente na Praça da Polícia) é invadido pelos soldados, depois que um deles é alvejado a tiros por um capitão.
O povo enfurecido sai às ruas depredando os prédios dos jornais governistas e destrói inteiramente os escritórios da Manaos Improvements.
O governo reage mais violentamente - bombardeia o reduto dos rebelados e executa os rebeldes aquartelados. A cidade inteira vivência o terror, que culmina com a depredação dos jornais oposicionistas e com o espancamento de cidadãos.
O acontecimento ganhou repercussão nacional e a Manaos Improvements decide encerrar as suas atividades em Manaus, não sem a cobrança de polpuda indenização, no valor de dez mil e quinhentos contos de réis, como indenização pelos seus prejuízos.

Em 1926 o patrimônio da Manaus Improvements passa a ser administrado pelo Governo do Amazonas. O prédio ficou abandonado durante várias décadas, até sua recuperação já nos anos 90, para abrigar a Pinacoteca do Estado.
Além de exposições artísticas temporárias e de atividades culturais diversas, o Centro de Artes Chaminé inclui em seu acervo um grande número de artistas regionais e promove atividades teatrais e musicais (clássico e popular), ateliês de dança, fotografia, pintura, capoeira, etc..
O prédio de um único pavimento tem um corpo central e dois corpos laterais salientes, sendo que uma das características da construção é o grande número de portas e janelas.
No corpo central as janelas são de verga reta e nas laterais são de arco pleno, com um óculo na parte central.


Os horários de funcionamento são flexíveis e dependem das próprias atividades que estiverem acontecendo no local.
Na saída do Centro de Artes Chaminé dobre à direita na Rua Izabel.
Logo à esquerda, na Rua José Paranaguá, há uns 50 metros encontra-se o Grupo Escolar José Paranaguá, construído em 1895, na administração do governador Eduardo Ribeiro, conforme atestam as placas localizadas na fachada do prédio - " Administração de Eduardo Ribeiro - Escola Pública - 1895", Trata-se de uma edificação simples, porém elegante, que revela a preocupação do governante para com o sistema público de ensino.
Na mesma rua veem-se várias moradias do início do século.
Atravesse a Rua Dr. Almínio e continue na Rua José Paranaguá. As construções de n°s 405 e 430 (onde funciona um hotel) são muito interessantes.
Dobre a esquina, na Av. Joaquim Nabuco.
No n° 472 localiza-se uma bela casa, que - em ruínas pelo abandono - exibe traços burgueses. Mais à frente, no n° 403, vê-se um prédio muito interessante datado de 1 91 3. Atravesse a Rua Quintino Bocaiúva para admirar o prédio localizado no n° 347 (onde funciona uma pensão), construído em 1904 e em bom estado de preservação, que mostra em sua fachada um vistoso relevo com um casal de pássaros, folhagens, flores e figuras entrelaçadas.
Mais ao longe, no n° 336, observa-se um belíssimo casarão revestido  com azulejos, com uma sacada em ferro forjado e balaustrada com seis estátuas femininas. Nota-se, ainda, cinco janelas de arco pleno acima de cinco óculos octogonais. No alto e laterais do portão  de entrada vê-se decorativas pinhas em pedra. Este prédio hoje abriga o Grupo Escolar Nilo Peçanha.
Na mesma calçada, à esquina com a Rua dos Andradas, situa-se o Palacete dos Nery.



O PALACETE DOS NERY

O prédio, de aspecto neoclássico, data de 1901. A fachada foi conservada até os nossos dias mais ou menos em sua feição original, com grandes janelas de púlpito com vergas retas, três delas com frontão triangular, cornija, um grande frontão e balaustrada. Na época da borracha a edificação era adornada por belos jardins. A Família Nery contribuiu para o Estado do Amazonas com vários políticos famosos, inclusive governadores.
Dobre à direita na Rua dos Andradas.
Muitas edificações interessantes poderão ser observadas, datadas do início do século, especialmente aquelas localizadas nos n°s 373 e 354, e - ainda - as casas de n°s 361 , 355, 351 e 347, que formam um conjunto arquitetônico similar.
Vire agora na Rua Leovegildo Coelho e, beirando a igreja, siga até a Praça dos Remédios.


 A PRAÇA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS

É uma das mais antigas praças de Manaus. Na época da borracha era calçada em calcário de Lisboa e possuía um belo chafariz. Na forma atual ela data de 1 899.
Ao redor vários prédios notáveis podem ser admirados.

 A IGREJA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS

A Igreja de N. S. dos Remédios foi construída em cima de um antigo cemitério indígena. Sabe-se historicamente, inclusive, que um dos traços marcantes do comportamento dos povos dominadores era o de ocupar os chamados lugares " mágicos" dos povos nativos, como forma de impor a sua hegemonia.
Uma capela, construída no mesmo local, no início do século XIX, teria dado lugar a essa igreja.
A igreja atual, em estilo neoclássico, com influência do renascentismo italiano, foi construída no início do século e teve sua planta elaborada pelo italiano Filintho Santoro, que também concebeu a fachada do Mercado Municipal, A edificação possui dois pavimentos e uma fachada dividida em cinco seções por pilares quadrados com capitéis . A porta central é de arco pleno. No primeiro andar vê-se uma janela também de arco pleno com vitral em forma de cruz. Acima da cornija pode-se ver um frontão triangular, Na parte superior nota-se uma torre com sineiro coberta por uma cúpula.
Na esquina das ruas Miranda Leão e Cel. Sérgio Pessoa, no canto da praça, ergue-se a Faculdade de Direito.


A FACULDADE DE DIREITO

Fundada em 1909, pelo jurista Dr. Astrolábio Passos, é uma das mais antigas do Brasil. A construção, em estilo eclético, data da época da borracha e foi originalmente construída com um só pavimento. Hoje com dois pisos o prédio está dividido em três corpos, sendo que o  central é recuado e adornado com escadaria. Um frontão curvo coroa a cornija e nos corpos laterais veem-se janelas centrais seguidas de janelas de vergas retas, A Faculdade de Direito vincula-se à Universidade do Amazonas.
Desça pela mesma calçada cerca de quinze metros até o n° 1 1 5 da Rua Sérgio Pessoa, onde localiza-se um belíssimo casarão do início do século, em aprazível varanda e vitrais coloridos. Sobressai uma bela sacada, adornada por janelas em estilo gótico e balaustrada com vasos.
Ao redor da praça, especialmente pela manhã, existem sempre numerosos veículos de carga (caminhões e caminhonetes) que aceitam frete e fazem carretos para todos os lugares da cidade, aproveitando o grande movimento do vizinho Mercado Municipal.
Desça até a Rua dos Barés em retorno ao ponto do início da caminhada.
Existem às proximidades várias casas interessantes, como aquelas de n°s 135 e 121 e, ainda, a de n° 107, com azulejos, bem em frente ao portão do mercado.
No n° 115 a construção é recente, mas chama a atenção a informação à fachada indicando que o estabelecimento comercial ali existente foi fundado ainda em 1915.
Na Rua Tabelião Pessoa, ao lado do mercado, muitas construções singulares podem também ser vistas.
Ao término da caminhada não deixe de visitar a casa de n° 39, na Rua dos Barés, onde funciona uma loja de ferragem. Trata-se de um prédio em estilo neo  gótico muito parecido com aquele localizado à Praça Oswaldo Cruz, onde funcionava a firma inglesa Manaos Tramways & Light.
Todas as artérias que circundam o Mercado Municipal são predominantemente comerciais, caracterizadas por um sem-número de estabelecimentos que trabalham ìntensamente com a população interiorana.
Vale a pena entrar em certas lojas para ver, por exemplo, o material tipicamente amazônico utilizado na fabricação da farinha de mandioca (item indispensável nas mesas amazonenses), especialmente o grande tacho usado na torrefação do produto. Lojas vendem redes para dormir de todos os tipos, mosquiteiros, artigos para pesca, ferragens, louça e utensílios domésticos, etc., tudo muito bem dirigido ao consumidor ribeirinho.