Sem dúvida alguma Manaus desperta a imaginação das pessoas desde há huito tempo. Começou com a expedição de Orellana que morreu perdido nos rios da Amazônia sonhando reencontar as índias guerreiras que teria visto nas margens de um rio. Delírio justificado diante da fome, e desespero de estar percorrendo um território desconhecido completamente pelos europeus. Talvez por isso o imaginário dos artistas está povoado de mulheres índias, ao estilo grego das Amazonas guerreiras da Antiguidade clássica. Também permanece no imaginário dos turista a idéia do "paraíso" selvagem, as belezas da Natureza, a "vitória-régia", a casa de ópera na selva, onde o tenor espanhol José Carreras recebeu 800 mil dólares para cantar no concerto do centenário do Teatro em 1996, pago por um governo que chorava miséria para não dar aumento para os professores em greve.

Em dezembro de 2006 o jornal "O ESTADO DO AMAZONAS", noticiava a concentração de riqueza em Manaus, que explica essas demonstrações exóticas de cultura européia: óperas, filarmônicas, festivais de cinemas. O IBGE apontava Manaus como a terceira capital em renda per capita do Brasil, ficando atrás apenas de Vitória (ES) e Brasilia (DF)
Uma cidade que cresce ao rítmo de umas vinte invasões por ano, pode se dar ao luxo de acabar com 70 "bairros" por decreto.Pois uma invasão se transforma em bairro em menos de um ano. Enquanto no Rio de Janeiros as favelas são quase centenárias, em manaus elas "não existem", passam da categoria de invasão para bairro.É verdade, o El Dorado, que os espanhóis, como o Francisco Orellana procurava, era realmente aqui, pelo menos para as multinacionais, porque para os migrantes que enchem as invasões, a riqueza de manaus é ouro de tolo.

É um destino atávico que a cidade tenha passado por um período de riqueza, ou "fausto", e que isso esteja se repetindo com a Zona Franca. Uma cidade "rica" onde a maioria da população recorre as centenas de escolas públicas e as filas do SUS, morando nos quase 400 bairros e comunidades, criados pelo processo das invasões, onde um Governador chamado também "Eduardo" criou um projeto para aterrar os igarapés, como no passado se fez por estética, porque a população pobre transformara em depósito de lixo. Enquanto isso uma minoria vive em suas ilhas de riqueza num padrão europeu, seus filhos estudando nas melhores escolas, que não são "públicas", ou no exterior.
Se dependesse da burguesia regionar reescrever a história da cidade, ela seria mais ou menos assim, portugueses ancorando suas naus no Teatro Amazonas.
A fortaleza de São José do Rio Negro, não foi construída com material de primeira, pois não resistiu ao tempo como outras construções feitas pelos portuguesas na época da colonização.