domingo, 17 de janeiro de 2016

“CAMINHANDO POR MANAUS” – O CENTRO HISTÓRICO – PARTE IV


APRESENTAÇÃO

Este livreto não se propõe a ser um documento de registro histórico, mas sim um instrumento de efetiva utilidade para o turista mais exigente e minucioso, que deseje conhecer Manaus mais intimamente, percorrendo a pé seus becos, ruas e avenidas.  São ao todo cinco roteiros, cuidadosamente elaborados por Thérèse Aubreton - uma francesa residente em Manaus e radicada no Brasil há anos, professora de história e agente de viagens. Seus olhos e caneta captaram e registraram tudo o que aqui pode ser desfrutado. A pesquisadora não se limitou a consultar livros e documentos. Os cinco roteiros a pé foram atentamente feitos e refeitos, tendo sido anotados cada detalhe pitoresco, cada aspecto curioso. Aspectos relevantes da nossa história, arquitetura, hábitos e costumes, regionalismos, etc., foram registrados. A Sra. Aubreton foi até mesmo à França, com o objetivo de estudar, comparar e comprovar semelhanças e dados, fundamentando melhor ainda aquilo que a FUMTUR  lhe havia encomendado. O resultado está aí, para o conforto e melhor aproveitamento da estada de nossos turistas. Esta publicação da Prefeitura de Manaus, através da Fundação Municipal de Turismo - FUMTUR,  pretende ser o início de outros relatos e registros para uso turístico.
Manaus, Agosto, 1996

ROTEIRO 4

Nossa caminhada começa na Rua dos Barés, bem em frente ao portão principal do Mercado Municipal, Os Barés, que emprestaram seu nome à rua, eram índios que habitavam  a região do Rio Negro e que desapareceram após a invasão
dos portugueses.



O MERCADO MUNICIPAL "ADOLPHO LISBOA"

O Mercado Municipal é um dos lugares mais animados de Manaus, especialmente pela parte da manhã. Em 1855, no mesmo local, já existia uma feira chamada de " Ribeira dos Comestíveis". A edificação do corpo central do mercado foi iniciada em 1 883 pela firma BAKUS & BRISBIN, sediada em Belém, Pará. Trata-se do segundo
mercado com esse tipo de edificação a ser montado no Brasil. A parte mais antiga está indicada na planta como "pavilhão central".
Naquela época o mercado consistia de um simples pavilhão de 45 m, de comprimento por 42 m. de largura. Era um tipo de armazém, aberto nas laterais, que contava com duas salas principais e 20 "boxes" separados por grades, com balcões de madeira coberta de mármore.
Em 1897, o superintendente municipal Adolpho Lisboa fez um relatório sobre o mercado, em que reportava às lamentáveis condições em que se encontrava, tanto no aspecto arquitetônico, quanto na questão da higiene.


Iniciaram-se obras de melhoramento e passados alguns anos foram edificados os dois pavilhões de ferro que ladeiam o armazém central,com base em alvenaria,
suportados por colunas importadas da Escócia e frontões curvos ornamentados com vidro colorido, no estilo do "Les Halles", de Paris. Essas edificações datam do início do século (uma foto de 1899 mostra que naquela época ainda não existiam) e abrigaram desde o seu início o comércio de peixes à esquerda e o de carnes à direita.
A fachada do prédio, datada de 1906, como atesta o medalhão existente no rendilhado de ferro acima do portão principal, originalmente pintada em cores diversas, é obra de Filintho Santoro, que realizou vários outros trabalhos na Cidade. Considerando tratar-se de um mercado o conjunto é bastante trabalhado. O estilo da construção é eclético. No primeiro pavimento sobressai-se um grande portão central, ladeado por janelas de vergas retas coroadas por frontões triangulares. No segundo, veem-se dois pares de janelas geminadas, que lembram a idade média. Dois prédios laterais, em estilo idêntico,  simetricamente dispostos, prolongam a fachada, que se impõe pelo seu tamanho.
O Mercado Municipal, a exemplo de tantos outros empreendimentos da época da borracha, foi administrado durante muitos anos pela firma inglesa " THE MANAOS MARKETS AND SLAUGHTERHOUSE LIMITED",
Em 1924, com o término do contrato de arrendamento, o Governador Ribeiro Júnior incorpora o complexo ao patrimônio do município.
Antes de penetrar no interior do mercado percorra de um lado ao outro a fachada principal e observe atentamente os dois pavilhões de ferro.




 O PAVILHÃO CENTRAL

Logo à entrada observe o teto e sua original abóbada de berço, isto é, semicircular, interrompida ao meio com o escudo de Manaus.
Dentro do pavilhão veem-se as colunas, importadas de Liverpool, na Inglaterra, e fabricadas pela firma FRANCIS MORTON, a mesma que elaborou as colunas de ferro que existem no coreto da Praça Dom Pedro II, próxima à Prefeitura.
Acima do portão observa-se uma tribuna com arcos plenos, Trata-se de um acontecimento arquitetônico inesperado para um mercado.
Neste pavilhão encontram-se os compartimentos de estivas e artesanato, que são de construção mais recente. Nos "boxes" de estivas concentram-se os produtos de base consumidos pelos amazonenses - vários tipos de farinha de mandioca, feijões, carne seca, grãos diversos,  etc..
Nos setores de artesanato vê-se um pouco de tudo, desde os objetos de uso da população local (cuias, remos, peneiras, paneiros, chapéus de palha, etc.), até os souvenirs tão procurados pelos turistas e visitantes em geral (colares indígenas, objetos diversos em madeira e cerâmica, camisetas, etc.). Existem algumas peças de origem indígena. Muitas, todavia, não passam de imitação, portanto, observe antes de adquiri-las.
Em todas as direções, no pavilhão e suas laterais, veem-se também os vendedores de frutas, legumes e verduras. Dependendo da época do ano é possível encontrar-se no local  frutas regionais deliciosas como o cupuaçu, a graviola, o jambo (originário da Ásia), o jenipapo (também usado pelos índios para pintarem os corpos na cor preta), o tucumã, a pupunha e inumeráveis outras, especialmente provenientes de palmeiras.
Ao fundo um lugar merece atenção muito particular - é o local onde são comercializadas as plantas medicinais da Amazônia.  Sob a forma de óleo, ou casca de madeira, ou folhas desidratadas, ou raízes e sementes, elas são bastante procuradas pelos manauaras e cada vez mais pela farmacopeia nacional e internacional.
Nessa parte do mercado chamam a atenção os enormes recipientes contendo um sumo de cor amarela e de cheiro também inusitado. Trata-se do  famoso "tucupi", extraído da raiz da mandioca, muito utilizado pela cozinha regional no cozimento de peixes e na preparação de molho de pimenta forte. O " tucupi " é normalmente vendido acondicionado em garrafas de todos os tamanhos. Oriundo de Belém, Pará, faz também parte da gastronomia amazonense o famoso "pato no tucupi".
Saia do pavilhão central e entre nos pavilhões laterais, fabricados em ferro. Trata-se de obra da firma escocesa WALTER  MAC FARLANE, de Glasgow. Essa firma produzia e exportava artefatos diversos e até edifícios inteiros elaborados em ferro. Para tanto possuía um catálogo com modelos de prédios em estilos variados (o "Illustrated Catalogue of MacFarlane Castings"). Assim, os clientes podiam comprar à distância e receber as peças pré-fabricadas nos ateliês da Escócia. Para a época uma maneira bem moderna de trabalhar...



 O PAVILHÃO DE PEIXES

Aqui encontram-se os principais tipos de pescado da região;
_· O Tucunaré, facilmente reconhecível graças a um desenho em forma de olho localizado na altura do rabo, O caldo do peixe (chamado caldeirada) é simplesmente delicioso.
_· O Tambaqui, enorme peixe, com os dentes parecidos com os de carneiro, que se alimenta basicamente de frutas. Excelente em grelhados.
_· O Pirarucu, peixe gigante de escamas, com carne semelhante a do bacalhau, consumido fresco ou salgado. Preparado das mais diversas maneiras. Suas resistentes escamas servem como lixa de unhas,
_· O Jaraqui, peixe popular de rabo listrado. Diz-se, popularmente, que o forasteiro que comer sua carne não conseguirá separar-se de Manaus.
_· A Matrinxã, a Pescada, a Sardinha, o Pacu, e tantos outros.



 O PAVILHÃO DE CARNES

É uma cópia arquitetônica do Pavilhão de Peixes. O cheiro exalado é forte. Visite-o, caso deseje.
Saia, agora, pela parte de trás do mercado, e observe os três edifícios de ferro, num estilo semelhante aos pavilhões anteriormente vistos. O prédio central, que hoje abriga lanchonetes e restaurantes populares, era no início do século o "Pavilhão das Tartarugas". Datado de 1909, é fechado com chapas de ferro e venezianas fabricadas em ferro e vidro. A cobertura é feita com chapas metálicas onduladas formando um pequeno frontão nas entradas. Essas partes possuem elementos decorativos em ferro fundido e vidro colorido. Acima do teto notam-se lambrequins metálicos.
De cada lado veem-se dois pequenos edifícios de forma octogonal, que serviam no início do século de posto de fiscalização dos produtos que chegavam ao mercado vindos do interior do estado. Em suas bases existem decorações em arabescos, muito parecidas com aquelas dos catálogos da firma MacFarlane, de Glasgow, que provavelmente foram encomendadas da Escócia.
Destaque-se a presença de dois lampadários antigos que ladeiam os pavilhões.
Os desenhos do edifício à esquerda estão bastante desgastados pelo tempo. Os do prédio à direita, todavia, ainda mostram a delicadeza do traçado. No teto, que tem cobertura em formato de escamas, existem artefatos de metal com desenhos simétricos e uma coroa.
Antes de sair do mercado observe cuidadosamente a fachada localizada de frente para o rio Negro,  construída em estilo gótico e identificada por várias placas metálicas que indicam sua origem - "Mercado Público - 1882 - Na Administração do Exmo. Sr. Dr. Alarico Jozé Furtado".
É interessante essa mistura do estilo medieval com o modernismo da arquitetura de metal.
As duas partes salientes de cada lado da fachada servem de banheiro público.
Terminada a visita à área do mercado atravesse a rua e caminhe em direção ao Rio Negro. Lá do calçadão abrange-se uma vista privilegiada: à frente os barcos pesqueiros e o Porto de Manaus logo à direita. Há alguns anos as águas do rio Negro chegavam a tocar os paredões do mercado. Com a urbanização da área o rio agora situa-se alguns metros à frente, Durante os meses de enchente, no entanto, pode-se ainda ver os pescadores vendendo seus produtos diretamente à população. Caminhe uns trezentos metros beirando o rio, até ultrapassar a grande feira que foi construída bem ao lado do Mercado Municipal, para atender às necessidades de uma população de um milhão e meio de habitantes. Toda essa área, de urbanização recente, faz parte do programa "MANAUS MODERNA", que vem sendo desenvolvido pelos Governos Estadual e Municipal,
À esquerda, mais distante, do outro lado do "igarapé" , vê-se o Bairro de Educandos.
Ao chegar próximo ao novo mercado, mais ou menos na altura do " Portão F", atravesse a rua em direção à chamada "feira da banana", que oferece os mais variados tipos de bananas, desde as pequenas do tipo " baié" até as enormes " pacovão", que - cozidas - são muito apreciadas pelo manauara,
Suba a Rua Pedro Botelho, Existe uma belíssima casa na esquina com a Rua Miranda Leão.
Atravesse a Rua dos Andradas e, logo após o Hotel Dona Joana, atente para um espetacular conjunto de três casas, no mesmo estilo arquitetônico, datadas de 1905 e pintadas singularmente em cores variadas. A construção do meio foi curiosamente pintada metade de rosa e branco e metade de amarelo e verde, Até mesmo a estátua do anjinho, na parte superior do prédio, acima do medalhão com a data de 1905, foi pintada metade de uma e metade de outra cor.
Caminhe até o fim da rua e dobre à direita, na Rua Quintino Bocaiúva e, logo após o posto de gasolina, prossiga até a Rua Izabel. À direita, existe uma belíssima casa, hoje abandonada. Logo à frente vê-se a Ponte de Educandos, de onde se pode desfrutar de maravilhoso panorama, que engloba o "igarapé" e as casas tipo "palafitas" do Bairro de Educandos, os barcos regionais e o Centro de Artes Chaminé.
Volte até a Rua Izabel e agora caminhe cerca de cem metros até o Centro de Artes Chaminé.





 O CENTRO DE ARTES CHAMINÉ

O prédio, construído em 1910, na fase áurea da borracha, destinava-se a ser a estação de tratamento dos esgotos da cidade e fazia parte do patrimônio da firma inglesa " MANAOS IMPROVEMENTS LTD. COMPANY", concessionária dos serviços de água e saneamento, que se tornou mais tarde responsável por uma das mais dramáticas páginas da história de Manaus.
Em 1913, forçada a pagar preços exorbitantes pelo fornecimento de água e saneamento, a população manauara recusou-se a quitar as contas apresentadas pelos ingleses da Manaos Improvements.
Os fornecedores, sentindo-se prejudicados, imediatamente reagiram ordenando o corte de água de todos que se encontravam em débito.
A partir desse momento deflagra-se toda uma onda de violência, que se agrava quando a população nega-se a permitir o ingresso dos empregados da Manaos Improvements em seus lares, para os procedimentos de corte.
Diante da resistência a empresa exige providências às autoridades constituídas e o governador Jonathas Pedrosa ordena a intervenção de tropas militares.
Mas os militares, que também eram vítimas da mesma situação, vez que também pagavam taxas absurdas pelos serviços de água e esgoto, recusam-se a cumprir as ordens, gerando a rebelião.
O quartel militar (bela construção ainda hoje existente na Praça da Polícia) é invadido pelos soldados, depois que um deles é alvejado a tiros por um capitão.
O povo enfurecido sai às ruas depredando os prédios dos jornais governistas e destrói inteiramente os escritórios da Manaos Improvements.
O governo reage mais violentamente - bombardeia o reduto dos rebelados e executa os rebeldes aquartelados. A cidade inteira vivência o terror, que culmina com a depredação dos jornais oposicionistas e com o espancamento de cidadãos.
O acontecimento ganhou repercussão nacional e a Manaos Improvements decide encerrar as suas atividades em Manaus, não sem a cobrança de polpuda indenização, no valor de dez mil e quinhentos contos de réis, como indenização pelos seus prejuízos.

Em 1926 o patrimônio da Manaus Improvements passa a ser administrado pelo Governo do Amazonas. O prédio ficou abandonado durante várias décadas, até sua recuperação já nos anos 90, para abrigar a Pinacoteca do Estado.
Além de exposições artísticas temporárias e de atividades culturais diversas, o Centro de Artes Chaminé inclui em seu acervo um grande número de artistas regionais e promove atividades teatrais e musicais (clássico e popular), ateliês de dança, fotografia, pintura, capoeira, etc..
O prédio de um único pavimento tem um corpo central e dois corpos laterais salientes, sendo que uma das características da construção é o grande número de portas e janelas.
No corpo central as janelas são de verga reta e nas laterais são de arco pleno, com um óculo na parte central.


Os horários de funcionamento são flexíveis e dependem das próprias atividades que estiverem acontecendo no local.
Na saída do Centro de Artes Chaminé dobre à direita na Rua Izabel.
Logo à esquerda, na Rua José Paranaguá, há uns 50 metros encontra-se o Grupo Escolar José Paranaguá, construído em 1895, na administração do governador Eduardo Ribeiro, conforme atestam as placas localizadas na fachada do prédio - " Administração de Eduardo Ribeiro - Escola Pública - 1895", Trata-se de uma edificação simples, porém elegante, que revela a preocupação do governante para com o sistema público de ensino.
Na mesma rua veem-se várias moradias do início do século.
Atravesse a Rua Dr. Almínio e continue na Rua José Paranaguá. As construções de n°s 405 e 430 (onde funciona um hotel) são muito interessantes.
Dobre a esquina, na Av. Joaquim Nabuco.
No n° 472 localiza-se uma bela casa, que - em ruínas pelo abandono - exibe traços burgueses. Mais à frente, no n° 403, vê-se um prédio muito interessante datado de 1 91 3. Atravesse a Rua Quintino Bocaiúva para admirar o prédio localizado no n° 347 (onde funciona uma pensão), construído em 1904 e em bom estado de preservação, que mostra em sua fachada um vistoso relevo com um casal de pássaros, folhagens, flores e figuras entrelaçadas.
Mais ao longe, no n° 336, observa-se um belíssimo casarão revestido  com azulejos, com uma sacada em ferro forjado e balaustrada com seis estátuas femininas. Nota-se, ainda, cinco janelas de arco pleno acima de cinco óculos octogonais. No alto e laterais do portão  de entrada vê-se decorativas pinhas em pedra. Este prédio hoje abriga o Grupo Escolar Nilo Peçanha.
Na mesma calçada, à esquina com a Rua dos Andradas, situa-se o Palacete dos Nery.



O PALACETE DOS NERY

O prédio, de aspecto neoclássico, data de 1901. A fachada foi conservada até os nossos dias mais ou menos em sua feição original, com grandes janelas de púlpito com vergas retas, três delas com frontão triangular, cornija, um grande frontão e balaustrada. Na época da borracha a edificação era adornada por belos jardins. A Família Nery contribuiu para o Estado do Amazonas com vários políticos famosos, inclusive governadores.
Dobre à direita na Rua dos Andradas.
Muitas edificações interessantes poderão ser observadas, datadas do início do século, especialmente aquelas localizadas nos n°s 373 e 354, e - ainda - as casas de n°s 361 , 355, 351 e 347, que formam um conjunto arquitetônico similar.
Vire agora na Rua Leovegildo Coelho e, beirando a igreja, siga até a Praça dos Remédios.


 A PRAÇA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS

É uma das mais antigas praças de Manaus. Na época da borracha era calçada em calcário de Lisboa e possuía um belo chafariz. Na forma atual ela data de 1 899.
Ao redor vários prédios notáveis podem ser admirados.

 A IGREJA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS

A Igreja de N. S. dos Remédios foi construída em cima de um antigo cemitério indígena. Sabe-se historicamente, inclusive, que um dos traços marcantes do comportamento dos povos dominadores era o de ocupar os chamados lugares " mágicos" dos povos nativos, como forma de impor a sua hegemonia.
Uma capela, construída no mesmo local, no início do século XIX, teria dado lugar a essa igreja.
A igreja atual, em estilo neoclássico, com influência do renascentismo italiano, foi construída no início do século e teve sua planta elaborada pelo italiano Filintho Santoro, que também concebeu a fachada do Mercado Municipal, A edificação possui dois pavimentos e uma fachada dividida em cinco seções por pilares quadrados com capitéis . A porta central é de arco pleno. No primeiro andar vê-se uma janela também de arco pleno com vitral em forma de cruz. Acima da cornija pode-se ver um frontão triangular, Na parte superior nota-se uma torre com sineiro coberta por uma cúpula.
Na esquina das ruas Miranda Leão e Cel. Sérgio Pessoa, no canto da praça, ergue-se a Faculdade de Direito.


A FACULDADE DE DIREITO

Fundada em 1909, pelo jurista Dr. Astrolábio Passos, é uma das mais antigas do Brasil. A construção, em estilo eclético, data da época da borracha e foi originalmente construída com um só pavimento. Hoje com dois pisos o prédio está dividido em três corpos, sendo que o  central é recuado e adornado com escadaria. Um frontão curvo coroa a cornija e nos corpos laterais veem-se janelas centrais seguidas de janelas de vergas retas, A Faculdade de Direito vincula-se à Universidade do Amazonas.
Desça pela mesma calçada cerca de quinze metros até o n° 1 1 5 da Rua Sérgio Pessoa, onde localiza-se um belíssimo casarão do início do século, em aprazível varanda e vitrais coloridos. Sobressai uma bela sacada, adornada por janelas em estilo gótico e balaustrada com vasos.
Ao redor da praça, especialmente pela manhã, existem sempre numerosos veículos de carga (caminhões e caminhonetes) que aceitam frete e fazem carretos para todos os lugares da cidade, aproveitando o grande movimento do vizinho Mercado Municipal.
Desça até a Rua dos Barés em retorno ao ponto do início da caminhada.
Existem às proximidades várias casas interessantes, como aquelas de n°s 135 e 121 e, ainda, a de n° 107, com azulejos, bem em frente ao portão do mercado.
No n° 115 a construção é recente, mas chama a atenção a informação à fachada indicando que o estabelecimento comercial ali existente foi fundado ainda em 1915.
Na Rua Tabelião Pessoa, ao lado do mercado, muitas construções singulares podem também ser vistas.
Ao término da caminhada não deixe de visitar a casa de n° 39, na Rua dos Barés, onde funciona uma loja de ferragem. Trata-se de um prédio em estilo neo  gótico muito parecido com aquele localizado à Praça Oswaldo Cruz, onde funcionava a firma inglesa Manaos Tramways & Light.
Todas as artérias que circundam o Mercado Municipal são predominantemente comerciais, caracterizadas por um sem-número de estabelecimentos que trabalham ìntensamente com a população interiorana.
Vale a pena entrar em certas lojas para ver, por exemplo, o material tipicamente amazônico utilizado na fabricação da farinha de mandioca (item indispensável nas mesas amazonenses), especialmente o grande tacho usado na torrefação do produto. Lojas vendem redes para dormir de todos os tipos, mosquiteiros, artigos para pesca, ferragens, louça e utensílios domésticos, etc., tudo muito bem dirigido ao consumidor ribeirinho.


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