APRESENTAÇÃO
Este livreto não se propõe a ser um documento de registro histórico, mas
sim um instrumento de efetiva utilidade para o turista mais exigente e
minucioso, que deseje conhecer Manaus mais intimamente, percorrendo a pé seus
becos, ruas e avenidas. São ao todo
cinco roteiros, cuidadosamente elaborados por Thérèse Aubreton - uma francesa
residente em Manaus e radicada no Brasil há anos, professora de história e
agente de viagens. Seus olhos e caneta captaram e registraram tudo o que aqui
pode ser desfrutado. A pesquisadora não se limitou a consultar livros e
documentos. Os cinco roteiros a pé foram atentamente feitos e refeitos, tendo
sido anotados cada detalhe pitoresco, cada aspecto curioso. Aspectos relevantes
da nossa história, arquitetura, hábitos e costumes, regionalismos, etc., foram
registrados. A Sra. Aubreton foi até mesmo à França, com o objetivo de estudar,
comparar e comprovar semelhanças e dados, fundamentando melhor ainda aquilo que
a FUMTUR lhe havia encomendado. O
resultado está aí, para o conforto e melhor aproveitamento da estada de nossos
turistas. Esta publicação da Prefeitura de Manaus, através da Fundação
Municipal de Turismo - FUMTUR, pretende
ser o início de outros relatos e registros para uso turístico.
Manaus, Agosto, 1996
ROTEIRO
4
Nossa caminhada começa na Rua dos Barés, bem em frente ao portão
principal do Mercado Municipal, Os Barés, que emprestaram seu nome à rua, eram
índios que habitavam a região do Rio
Negro e que desapareceram após a invasão
dos portugueses.
O MERCADO MUNICIPAL "ADOLPHO LISBOA"
O Mercado Municipal é um dos lugares mais animados de Manaus,
especialmente pela parte da manhã. Em 1855, no mesmo local, já existia uma
feira chamada de " Ribeira dos Comestíveis". A edificação do corpo
central do mercado foi iniciada em 1 883 pela firma BAKUS & BRISBIN,
sediada em Belém, Pará. Trata-se do segundo
mercado com esse tipo de edificação a ser montado no Brasil. A parte
mais antiga está indicada na planta como "pavilhão central".
Naquela época o mercado consistia de um simples pavilhão de 45 m, de
comprimento por 42 m. de largura. Era um tipo de armazém, aberto nas laterais,
que contava com duas salas principais e 20 "boxes" separados por
grades, com balcões de madeira coberta de mármore.
Em 1897, o superintendente municipal Adolpho Lisboa fez um relatório
sobre o mercado, em que reportava às lamentáveis condições em que se
encontrava, tanto no aspecto arquitetônico, quanto na questão da higiene.
Iniciaram-se obras de melhoramento e passados alguns anos foram
edificados os dois pavilhões de ferro que ladeiam o armazém central,com base em
alvenaria,
suportados por colunas importadas da Escócia e frontões curvos
ornamentados com vidro colorido, no estilo do "Les Halles", de Paris.
Essas edificações datam do início do século (uma foto de 1899 mostra que
naquela época ainda não existiam) e abrigaram desde o seu início o comércio de
peixes à esquerda e o de carnes à direita.
A fachada do prédio, datada de 1906, como atesta o medalhão existente no
rendilhado de ferro acima do portão principal, originalmente pintada em cores
diversas, é obra de Filintho Santoro, que realizou vários outros trabalhos na
Cidade. Considerando tratar-se de um mercado o conjunto é bastante trabalhado.
O estilo da construção é eclético. No primeiro pavimento sobressai-se um grande
portão central, ladeado por janelas de vergas retas coroadas por frontões
triangulares. No segundo, veem-se dois pares de janelas geminadas, que lembram
a idade média. Dois prédios laterais, em estilo idêntico, simetricamente dispostos, prolongam a fachada,
que se impõe pelo seu tamanho.
O Mercado Municipal, a exemplo de tantos outros empreendimentos da época
da borracha, foi administrado durante muitos anos pela firma inglesa " THE
MANAOS MARKETS AND SLAUGHTERHOUSE LIMITED",
Em 1924, com o término do contrato de arrendamento, o Governador Ribeiro
Júnior incorpora o complexo ao patrimônio do município.
Antes de penetrar no interior do mercado percorra de um lado ao outro a
fachada principal e observe atentamente os dois pavilhões de ferro.
O PAVILHÃO CENTRAL
Logo à entrada observe o teto e sua original abóbada de berço, isto é,
semicircular, interrompida ao meio com o escudo de Manaus.
Dentro do pavilhão veem-se as colunas, importadas de Liverpool, na
Inglaterra, e fabricadas pela firma FRANCIS MORTON, a mesma que elaborou as
colunas de ferro que existem no coreto da Praça Dom Pedro II, próxima à
Prefeitura.
Acima do portão observa-se uma tribuna com arcos plenos, Trata-se de um
acontecimento arquitetônico inesperado para um mercado.
Neste pavilhão encontram-se os compartimentos de estivas e artesanato,
que são de construção mais recente. Nos "boxes" de estivas
concentram-se os produtos de base consumidos pelos amazonenses - vários tipos
de farinha de mandioca, feijões, carne seca, grãos diversos, etc..
Nos
setores de artesanato vê-se um pouco de tudo, desde os objetos de uso da
população local (cuias, remos, peneiras, paneiros, chapéus de palha, etc.), até
os souvenirs tão procurados pelos turistas e visitantes em geral (colares
indígenas, objetos diversos em madeira e cerâmica, camisetas, etc.). Existem
algumas peças de origem indígena. Muitas, todavia, não passam de imitação,
portanto, observe antes de adquiri-las.
Em todas as direções, no pavilhão e suas laterais, veem-se também os
vendedores de frutas, legumes e verduras. Dependendo da época do ano é possível
encontrar-se no local frutas regionais
deliciosas como o cupuaçu, a graviola, o jambo (originário da Ásia), o jenipapo
(também usado pelos índios para pintarem os corpos na cor preta), o tucumã, a
pupunha e inumeráveis outras, especialmente provenientes de palmeiras.
Ao fundo um lugar merece atenção muito particular - é o local onde são
comercializadas as plantas medicinais da Amazônia. Sob a forma de óleo, ou casca de madeira, ou
folhas desidratadas, ou raízes e sementes, elas são bastante procuradas pelos
manauaras e cada vez mais pela farmacopeia nacional e internacional.
Nessa parte do mercado chamam a atenção os enormes recipientes contendo
um sumo de cor amarela e de cheiro também inusitado. Trata-se do famoso "tucupi", extraído da raiz da
mandioca, muito utilizado pela cozinha regional no cozimento de peixes e na
preparação de molho de pimenta forte. O " tucupi " é normalmente
vendido acondicionado em garrafas de todos os tamanhos. Oriundo de Belém, Pará,
faz também parte da gastronomia amazonense o famoso "pato no tucupi".
Saia do pavilhão central e entre nos pavilhões laterais, fabricados em
ferro. Trata-se de obra da firma escocesa WALTER MAC FARLANE, de Glasgow. Essa firma produzia e
exportava artefatos diversos e até edifícios inteiros elaborados em ferro. Para
tanto possuía um catálogo com modelos de prédios em estilos variados (o
"Illustrated Catalogue of MacFarlane Castings"). Assim, os clientes
podiam comprar à distância e receber as peças pré-fabricadas nos ateliês da
Escócia. Para a época uma maneira bem moderna de trabalhar...
O PAVILHÃO DE PEIXES
Aqui encontram-se os principais tipos de pescado da região;
_· O Tucunaré, facilmente reconhecível graças a um desenho em forma de
olho localizado na altura do rabo, O caldo do peixe (chamado caldeirada) é
simplesmente delicioso.
_· O Tambaqui, enorme peixe, com os dentes parecidos com os de carneiro,
que se alimenta basicamente de frutas. Excelente em grelhados.
_· O Pirarucu, peixe gigante de escamas, com carne semelhante a do
bacalhau, consumido fresco ou salgado. Preparado das mais diversas maneiras.
Suas resistentes escamas servem como lixa de unhas,
_· O Jaraqui, peixe popular de rabo listrado. Diz-se, popularmente, que
o forasteiro que comer sua carne não conseguirá separar-se de Manaus.
_· A Matrinxã, a Pescada, a Sardinha, o Pacu, e tantos outros.
O PAVILHÃO DE CARNES
É uma cópia arquitetônica do Pavilhão de Peixes. O cheiro exalado é forte.
Visite-o, caso deseje.
Saia, agora, pela parte de trás do mercado, e observe os três edifícios
de ferro, num estilo semelhante aos pavilhões anteriormente vistos. O prédio
central, que hoje abriga lanchonetes e restaurantes populares, era no início do
século o "Pavilhão das Tartarugas". Datado de 1909, é fechado com
chapas de ferro e venezianas fabricadas em ferro e vidro. A cobertura é feita
com chapas metálicas onduladas formando um pequeno frontão nas entradas. Essas
partes possuem elementos decorativos em ferro fundido e vidro colorido. Acima
do teto notam-se lambrequins metálicos.
De cada lado veem-se dois pequenos edifícios de forma octogonal, que
serviam no início do século de posto de fiscalização dos produtos que chegavam
ao mercado vindos do interior do estado. Em suas bases existem decorações em
arabescos, muito parecidas com aquelas dos catálogos da firma MacFarlane, de
Glasgow, que provavelmente foram encomendadas da Escócia.
Destaque-se a presença de dois lampadários antigos que ladeiam os pavilhões.
Os desenhos do edifício à esquerda estão bastante desgastados pelo
tempo. Os do prédio à direita, todavia, ainda mostram a delicadeza do traçado.
No teto, que tem cobertura em formato de escamas, existem artefatos de metal
com desenhos simétricos e uma coroa.
Antes de sair do mercado observe cuidadosamente a fachada localizada de
frente para o rio Negro, construída em
estilo gótico e identificada por várias placas metálicas que indicam sua origem
- "Mercado Público - 1882 - Na Administração do Exmo. Sr. Dr. Alarico Jozé
Furtado".
É interessante essa mistura do estilo medieval com o modernismo da
arquitetura de metal.
As duas partes salientes de cada lado da fachada servem de banheiro
público.
Terminada a visita à área do mercado atravesse a rua e caminhe em
direção ao Rio Negro. Lá do calçadão abrange-se uma vista privilegiada: à
frente os barcos pesqueiros e o Porto de Manaus logo à direita. Há alguns anos
as águas do rio Negro chegavam a tocar os paredões do mercado. Com a
urbanização da área o rio agora situa-se alguns metros à frente, Durante os
meses de enchente, no entanto, pode-se ainda ver os pescadores vendendo seus
produtos diretamente à população. Caminhe uns trezentos metros beirando o rio,
até ultrapassar a grande feira que foi construída bem ao lado do Mercado
Municipal, para atender às necessidades de uma população de um milhão e meio de
habitantes. Toda essa área, de urbanização recente, faz parte do programa
"MANAUS MODERNA", que vem sendo desenvolvido pelos Governos Estadual
e Municipal,
À esquerda, mais distante, do outro lado do "igarapé" , vê-se
o Bairro de Educandos.
Ao chegar próximo ao novo mercado, mais ou menos na altura do "
Portão F", atravesse a rua em direção à chamada "feira da
banana", que oferece os mais variados tipos de bananas, desde as pequenas
do tipo " baié" até as enormes " pacovão", que - cozidas -
são muito apreciadas pelo manauara,
Suba a Rua Pedro Botelho, Existe uma belíssima casa na esquina com a Rua
Miranda Leão.
Atravesse a Rua dos Andradas e, logo após o Hotel Dona Joana, atente
para um espetacular conjunto de três casas, no mesmo estilo arquitetônico,
datadas de 1905 e pintadas singularmente em cores variadas. A construção do
meio foi curiosamente pintada metade de rosa e branco e metade de amarelo e verde,
Até mesmo a estátua do anjinho, na parte superior do prédio, acima do medalhão
com a data de 1905, foi pintada metade de uma e metade de outra cor.
Caminhe até o fim da rua e dobre à direita, na Rua Quintino Bocaiúva e,
logo após o posto de gasolina, prossiga até a Rua Izabel. À direita, existe uma
belíssima casa, hoje abandonada. Logo à frente vê-se a Ponte de Educandos, de
onde se pode desfrutar de maravilhoso panorama, que engloba o
"igarapé" e as casas tipo "palafitas" do Bairro de
Educandos, os barcos regionais e o Centro de Artes Chaminé.
Volte até a Rua Izabel e agora caminhe cerca de cem metros até o Centro
de Artes Chaminé.
O CENTRO DE ARTES CHAMINÉ
O prédio, construído em 1910, na fase áurea da borracha, destinava-se a
ser a estação de tratamento dos esgotos da cidade e fazia parte do patrimônio
da firma inglesa " MANAOS IMPROVEMENTS LTD. COMPANY", concessionária
dos serviços de água e saneamento, que se tornou mais tarde responsável por uma
das mais dramáticas páginas da história de Manaus.
Em 1913, forçada a pagar preços exorbitantes pelo fornecimento de água e
saneamento, a população manauara recusou-se a quitar as contas apresentadas
pelos ingleses da Manaos Improvements.
Os fornecedores, sentindo-se prejudicados, imediatamente reagiram ordenando
o corte de água de todos que se encontravam em débito.
A partir desse momento deflagra-se toda uma onda de violência, que se
agrava quando a população nega-se a permitir o ingresso dos empregados da
Manaos Improvements em seus lares, para os procedimentos de corte.
Diante da resistência a empresa exige providências às autoridades
constituídas e o governador Jonathas Pedrosa ordena a intervenção de tropas
militares.
Mas os militares, que também eram vítimas da mesma situação, vez que
também pagavam taxas absurdas pelos serviços de água e esgoto, recusam-se a
cumprir as ordens, gerando a rebelião.
O quartel militar (bela construção ainda hoje existente na Praça da
Polícia) é invadido pelos soldados, depois que um deles é alvejado a tiros por
um capitão.
O povo enfurecido sai às ruas depredando os prédios dos jornais
governistas e destrói inteiramente os escritórios da Manaos Improvements.
O governo reage mais violentamente - bombardeia o reduto dos rebelados e
executa os rebeldes aquartelados. A cidade inteira vivência o terror, que
culmina com a depredação dos jornais oposicionistas e com o espancamento de
cidadãos.
O acontecimento ganhou repercussão nacional e a Manaos Improvements
decide encerrar as suas atividades em Manaus, não sem a cobrança de polpuda
indenização, no valor de dez mil e quinhentos contos de réis, como indenização
pelos seus prejuízos.
Em 1926 o patrimônio da Manaus Improvements passa a ser administrado
pelo Governo do Amazonas. O prédio ficou abandonado durante várias décadas, até
sua recuperação já nos anos 90, para abrigar a Pinacoteca do Estado.
Além de exposições artísticas temporárias e de atividades culturais
diversas, o Centro de Artes Chaminé inclui em seu acervo um grande número de
artistas regionais e promove atividades teatrais e musicais (clássico e
popular), ateliês de dança, fotografia, pintura, capoeira, etc..
O prédio de um único pavimento tem um corpo central e dois corpos
laterais salientes, sendo que uma das características da construção é o grande
número de portas e janelas.
No corpo central as janelas são de verga reta e nas laterais são de arco
pleno, com um óculo na parte central.
Os horários de funcionamento são flexíveis e dependem das próprias
atividades que estiverem acontecendo no local.
Na saída do Centro de Artes Chaminé dobre à direita na Rua Izabel.
Logo à esquerda, na Rua José Paranaguá, há uns 50 metros encontra-se o
Grupo Escolar José Paranaguá, construído em 1895, na administração do
governador Eduardo Ribeiro, conforme atestam as placas localizadas na fachada
do prédio - " Administração de Eduardo Ribeiro - Escola Pública -
1895", Trata-se de uma edificação simples, porém elegante, que revela a
preocupação do governante para com o sistema público de ensino.
Na
mesma rua veem-se várias moradias do início do século.
Atravesse
a Rua Dr. Almínio e continue na Rua José Paranaguá. As construções de n°s 405 e
430 (onde funciona um hotel) são muito interessantes.
Dobre
a esquina, na Av. Joaquim Nabuco.
No n° 472 localiza-se uma bela casa, que - em ruínas pelo abandono -
exibe traços burgueses. Mais à frente, no n° 403, vê-se um prédio muito
interessante datado de 1 91 3. Atravesse a Rua Quintino Bocaiúva para admirar o
prédio localizado no n° 347 (onde funciona uma pensão), construído em 1904 e em
bom estado de preservação, que mostra em sua fachada um vistoso relevo com um
casal de pássaros, folhagens, flores e figuras entrelaçadas.
Mais ao longe, no n° 336, observa-se um belíssimo casarão revestido com azulejos, com uma sacada em ferro forjado
e balaustrada com seis estátuas femininas. Nota-se, ainda, cinco janelas de
arco pleno acima de cinco óculos octogonais. No alto e laterais do portão de entrada vê-se decorativas pinhas em pedra.
Este prédio hoje abriga o Grupo Escolar Nilo Peçanha.
O PALACETE DOS NERY
O prédio, de aspecto neoclássico, data de 1901. A fachada foi conservada
até os nossos dias mais ou menos em sua feição original, com grandes janelas de
púlpito com vergas retas, três delas com frontão triangular, cornija, um grande
frontão e balaustrada. Na época da borracha a edificação era adornada por belos
jardins. A Família Nery contribuiu para o Estado do Amazonas com vários
políticos famosos, inclusive governadores.
Dobre à direita na Rua dos Andradas.
Muitas edificações interessantes poderão ser observadas, datadas do
início do século, especialmente aquelas localizadas nos n°s 373 e 354, e -
ainda - as casas de n°s 361 , 355, 351 e 347, que formam um conjunto arquitetônico
similar.
Vire agora na Rua Leovegildo Coelho e, beirando a igreja, siga até a
Praça dos Remédios.
A PRAÇA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS
É uma das mais antigas praças de Manaus. Na época da borracha era
calçada em calcário de Lisboa e possuía um belo chafariz. Na forma atual ela
data de 1 899.
Ao redor vários prédios notáveis podem ser admirados.
A IGREJA NOSSA SENHORA DOS REMÉDIOS
A Igreja de N. S. dos Remédios foi construída em cima de um antigo
cemitério indígena. Sabe-se historicamente, inclusive, que um dos traços
marcantes do comportamento dos povos dominadores era o de ocupar os chamados
lugares " mágicos" dos povos nativos, como forma de impor a sua
hegemonia.
Uma capela, construída no mesmo local, no início do século XIX, teria
dado lugar a essa igreja.
A igreja atual, em estilo neoclássico, com influência do renascentismo
italiano, foi construída no início do século e teve sua planta elaborada pelo
italiano Filintho Santoro, que também concebeu a fachada do Mercado Municipal,
A edificação possui dois pavimentos e uma fachada dividida em cinco seções por
pilares quadrados com capitéis . A porta central é de arco pleno. No primeiro andar
vê-se uma janela também de arco pleno com vitral em forma de cruz. Acima da
cornija pode-se ver um frontão triangular, Na parte superior nota-se uma torre
com sineiro coberta por uma cúpula.
Na esquina das ruas Miranda Leão e Cel. Sérgio Pessoa, no canto da
praça, ergue-se a Faculdade de Direito.
A FACULDADE DE DIREITO
Fundada em 1909, pelo jurista Dr. Astrolábio Passos, é uma das mais
antigas do Brasil. A construção, em estilo eclético, data da época da borracha
e foi originalmente construída com um só pavimento. Hoje com dois pisos o
prédio está dividido em três corpos, sendo que o central é recuado e adornado com escadaria. Um
frontão curvo coroa a cornija e nos corpos laterais veem-se janelas centrais
seguidas de janelas de vergas retas, A Faculdade de Direito vincula-se à
Universidade do Amazonas.
Desça pela mesma calçada cerca de quinze metros até o n° 1 1 5 da Rua
Sérgio Pessoa, onde localiza-se um belíssimo casarão do início do século, em
aprazível varanda e vitrais coloridos. Sobressai uma bela sacada, adornada por
janelas em estilo gótico e balaustrada com vasos.
Ao redor da praça, especialmente pela manhã, existem sempre numerosos
veículos de carga (caminhões e caminhonetes) que aceitam frete e fazem carretos
para todos os lugares da cidade, aproveitando o grande movimento do vizinho
Mercado Municipal.
Desça até a Rua dos Barés em retorno ao ponto do início da caminhada.
Existem às proximidades várias casas interessantes, como aquelas de n°s
135 e 121 e, ainda, a de n° 107, com azulejos, bem em frente ao portão do
mercado.
No n° 115 a construção é recente, mas chama a atenção a informação à
fachada indicando que o estabelecimento comercial ali existente foi fundado
ainda em 1915.
Na Rua Tabelião Pessoa, ao lado do mercado, muitas construções
singulares podem também ser vistas.
Ao término da caminhada não deixe de visitar a casa de n° 39, na Rua dos
Barés, onde funciona uma loja de ferragem. Trata-se de um prédio em estilo
neo gótico muito parecido com aquele
localizado à Praça Oswaldo Cruz, onde funcionava a firma inglesa Manaos
Tramways & Light.
Todas as artérias que circundam o Mercado Municipal são predominantemente
comerciais, caracterizadas por um sem-número de estabelecimentos que trabalham
ìntensamente com a população interiorana.
Vale a pena entrar em certas lojas para ver, por exemplo, o material
tipicamente amazônico utilizado na fabricação da farinha de mandioca (item
indispensável nas mesas amazonenses), especialmente o grande tacho usado na
torrefação do produto. Lojas vendem redes para dormir de todos os tipos,
mosquiteiros, artigos para pesca, ferragens, louça e utensílios domésticos,
etc., tudo muito bem dirigido ao consumidor ribeirinho.
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